terça-feira, 9 de março de 2010
Flora da Gesteira: Era uma vez uma giesta
Como já aqui escrevi, a pesquisa sobre a génese do nome da aldeia ainda será longa, no entanto não é difícil perceber que o nome se deve à vegetação então existente na zona, as giestas. Já encontrei nalguns registos de baptismo muito antigos o nome de Giesteira ou Gyesteira.
Ora, se a giesta foi outrora um arbusto abundante pelas bandas da Gesteira, é hoje um arbusto que vai sobrevivendo aqui e ali, mas em poucas quantidades pelas matas e pinhais existentes na aldeia.
Aqui apresento algumas fotos recentes de giestas ainda sem floração, bem como uma descrição do tipo de giestas mais comuns na região.
* Nome Científico: Cytisus scoparius
* Nome Popular: Giesta, Giesteira
* Família: Fabaceae (Leguminosae)
* Divisão: Angiospermae
* Origem: Península Ibérica e Ilhas Canárias
* Ciclo de Vida: Perene
* Época de Floração: Abril a Junho
* Distribuição em Portugal: Todo o território
Cytisus scoparius - Giesteira ou Giesta das Vassouras
Cytisus scoparius é nativo em brejos, solos não cultivados e bosques na Europa; é uma planta familiar tanto no estado selvagem como em cultivos. O nome Cytisus vem do grego "kytisos", termo usado antigamente para descrever várias leguminosas lenhosas e scoparius vem do latim "scopa", vassoura. O nome comum desta planta em inglês é mesmo "broom", ou seja, vassoura.
Cytisus scoparius é um arbusto com ramos verdes e angulosos, apresentando diminutas folhas alternas e trímeras. Na parte superior dos ramos, flores solitárias amarelas que são hermafroditas, parecidas com as de ervilhas, aparecem na axila das folhas durante o verão. O fruto é uma vagem avermelhada.
Toda a planta é tóxica. As folhas são lanceoladas ou lineares, pequenas, afiladas e esparsas. É uma planta xerófita, com folhas adaptadas para reduzir a perda de água por transpiração. Para compensar a redução nas folhas, os ramos também apresentam função fotossintética.
A giesta-das-vassouras cresce nas encostas ensolaradas, na orla das florestas, frequentemente formando matagais.
No entanto, muitas vezes não resiste ao frio no clima centro-europeu. Foi no século passado que as suas virtudes medicinais começaram a ser intensivamente exploradas. Seus usos medicinais estão listados em todos herbários europeus mais antigos, sob denominação de "Planta genista" da qual a Real casa britânica de Plantagenet tirou seu nome.
Propriedades Naturais:
Todas as partes da planta têm interesse farmacêutico: flores, cimeiras, sementes, raízes, mas são mais frequentemente colhidas as cimeiras.
As partes mais tenras dos caules são cortadas à mão, postas a secar à sombra, cortadas depois em fragmentos mais pequenos. Entre as substâncias activas, a mais importante é o alcalóide esparteína que afecta o coração e nervos de modo semelhante ao "curare". A giesta-das-vassouras contém igualmente glicosídeos, taninos, óleos essenciais, sucos amargos. É uma erva amarga, narcótica que deprime a respiração, regula a acção do coração e tem efeitos diurético e purgativo.
A forte toxicidade da planta leva a que raramente seja usada em medicina popular: serve principalmente de matéria-prima que permite isolar as diferentes substâncias activas. Os remédios à base de esparteína são prescritos em casos de perturbações da actividade cardíaca e da circulação sanguínea. Dilatam as coronárias e aumentam a tensão. Outras substâncias tiradas da giesta-das-vassouras estimulam a actividade dos músculos lisos e do útero, o que é utilizado em obstetrícia. Têm também um efeito fortemente diurético. Excesso causa colapso respiratório.
Não é recomendado para mulheres grávidas ou pacientes com pressão alta. As doses e a frequência das administrações devem ser determinadas pelo médico.
As flores amarelas da planta servem de matéria-prima para fabricar um corante. Os ramos secos são utilizados para fazer vassouras (daí o nome vulgar da espécie). Planta sujeita a leis de controle como erva daninha em alguns países.
Em tempos mais remotos, antes da generalização da utilização de adubos, a giesta-das-serras era semeada, juntamente com a giesta-branca no Norte e Centro de Portugal, com o intuito de restaurar a fertilidade dos solos cultivados com cereais, pois uma das características mais frequentes nas espécies pertencentes à família das Fabaceae é a presença de pequenos nódulos nas raízes, nos quais se alojam bactérias fixadoras de azoto, sendo este processo de extrema importância para a agricultura e florestas, uma vez que conduz à independência de fertilizantes azotados.Tal como outras giestas, costumava ser utilizada no fabrico de vassouras artesanais para varrer o chão e o interior dos fornos de lenha e ainda para fazer a cama de animais. Esta última terá sido a utilização mais comum na Gesteira, sendo estas vassouras muito comuns ainda em finais do século XX.
Cultivo:
A giesta é um arbusto gracioso, podendo ser cultivado em jardins de inspiração campestre, contemporâneos ou mediterrâneos. Destaca-se quando plantada isolado, em renques ou em maciços. Apresenta boa capacidade de conter a erosão e melhorar a fertilidade do solo, pois é uma leguminosa. É no entanto uma planta tóxica, que contém poderosos alcalóides (esparteína e citisina), e deve ser mantida fora do alcance de crianças ou animais domésticos. Devido à rusticidade da espécie e facilidade de multiplicação, a giesta pode ser considerada planta invasora em algumas situações.
Deve ser cultivada sob sol pleno em solos férteis, bem drenados e irrigados periodicamente. Aprecia solos arenosos e o frio mediterrâneo a subtropical. Adubações anuais na primavera estimulam um intensa floração. As podas de formação devem ser realizadas a cada dois anos e renovam a folhagem. Não tolera o calor excessivo, mas é tolerante a solos salinos e pobres, assim como curtos períodos de seca.
Multiplica-se por sementes.
As giestas pertencem à vasta família das Fabaceae (Leguminosae), que em Portugal se alarga por cerca de 220 espécies, onde estão incluídas, por exemplo, a luzerna (Medicago sativa), a olaia (Cercis siliquastrum), a alfarrobeira (Ceratonia siliqua), diversas espécies de codeços (Adenocarpus sp.), a carqueja (Genista tridentata ), a Acácia (Acacia sp.) e ainda outras que numa primeira observação não colocariamos na mesma família , como o feijoeiro (Phaseolus sp. ), o trevo (Trifolium sp. ), entre tantas outras espécies.
Em inglês, a giesta-das-serras, é conhecida como Portuguese broom, em referência à sua proveniência e igualmente à sua utilização para fazer vassouras.
Num próximo post colocarei fotos de giestas floridas e até de uma vassoura de giesta.
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interessante, acredito que a origem do meu nome venha da região de portugal e ao chegar no brasil foi alterado a escrita no registro do cartorio
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