sábado, 3 de novembro de 2012

Baú da Gesteira: Nomes Antigos

Esta é uma nota sobre nomes que já existiam há cerca de mil anos cá pela nossa região (mais concretamente Coimbra - colimbriesi).

A imagem foi retirada de um testamento que está no Livro Preto da Sé de Coimbra [1]. O Livro Preto é um importante códice medieval que inclui uma série de diplomas que narram um conjunto de acontecimentos que tiveram lugar na região de Coimbra e no centro de Portugal, para além dos territórios dependentes de Coimbra. Esse livro contém acontecimentos ocorridos entre os séculos VIII e XIII.

Apesar de estar escrito em latim, e com um tipo de letra muito característico mas muito bem cuidado é possível aos leigos (como eu) entender algumas partes de alguns documentos, que na sua maioria referem a eventos antes da fundação de Portugal.

Este caso específico indica nomes da época onde reconhecemos:
- Gonçalo (Gudisaluus)
- Maranº
- Sisnando (Sisnandus)
- Domingos (Dnicus)
- Daniel (Danil)
- Pelágio (Pelagiº)
- Rodrigo (Rodricº)
- Nuno (Nunº)
- Pedro (Petrº / Petro)
- Cristóvão (Xpoforº)
- Ibn (Ibns)

Também era indicado nos testamentos a posição social/profissão das testemunhas, neste caso vemos algumas como:
- Pontífice (pontifex)
- Soldado (armari)
- Capelão (capellanº)
- Presbítero (pb'r)
- Prior (p'r)
- Diácono (diaconus/d'c)
- Subdiácono (subdiaconus)

Referências:
[1] O Livro Preto da Sé de Coimbra - Infopédia
[2] O Livro Preto da Sé de Coimbra - Digitalização da Torre do Tombo 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Baú da Gesteira: Redução de impostos para promover o desenvolvimento

A redução de impostos sempre foi a forma mais eficaz de promover o desenvolvimento, sobretudo económico, mas também social (por estranho que pareça).

Aconteceu em 24 de fevereiro de 1293:

"Mandado ao prior e convento de Santa Cruz de Coimbra, pelo qual os moradores de Cadima e de Arazede e doutros herdamentos do dito convento ficaram livres e quites dos foros e fiscos reais"


Fonte: Torre do Tombo, Leitura Nova, liv. 27 (Livro 11 da Estremadura), f. 300, coluna 2.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Baú da Gesteira: A Gândara no Numeramento de 1527-1532

O Numeramento de 1527-1532, do tempo e D. João III, é a primeira recolha sistemática e completa de dados sobre as comarcas, cidades, vilas e aldeias de Portugal e sobre a sua população.
Naquela altura, a actual região Gandaresa encontrava-se incluída na região da Estremadura.

À data do numeramento da região (1527) a região gandaresa era ainda pouco povoada, sendo quase ignorada (não referida) no dito numeramento. As referências que existem à região são referentes à vila de Mira e seu termo, à vila de Cantanhede e termo, Buarcos e Montemor-o-Velho (onde se icluía o couto de Cadima).

1. Mira

A vila de Myra
Esta vila de Mira he de Simão Tavares e tem 43 vizinhos no corpo da vila.
Titolo do seu termo: A Povoa da Irmida te 2 vizinhos. - Na Curugeira, 2. - Em Petomar, 1.
Tem de termo pera a parte de Cadima e Mõte mor o Velho hua legoa.
Parte cõ Cãtanhede e Vagos e Mõtemor. - Jorje Fernandez o esprevy. - E isto fiqa asynado por o tabeliam da dita vila, no livro que e meu poder fiqa.
Soma, 48 vizinhos.

 2. Cantanhede

 A vila de Camtanhede
Fui a vila de Camtanhede, que he de dom Jorge de Meneses, e achei aver no corpo da vila 103 vizinhos de que sam 6 escudeiros e 7 clerigos.
Titolo do seu termo: - Aldea de Lemede tem 50 vizinhos. - Aldea de Povoa da Lonba, 28. - os moinhos do Ribeiro, 9. - Aldea da Porcariça, 38. - Aldea dOurentam, 28. - A Povoa do Bispo e outras Povoas ahi junto, 16. - Aldea de Mõtarqado e Covoes e Malhada, 27.
Esta vila tem de termo pera a parte de Vagos duas legoas, e pera Ançã te legoa e mea de termo, e pera a parte da vila dAveiro tem de termo hua legoa e mea.
Parte com Aveyro e cõ as vilas de Vagos e Amçã. - Jorjer Fernandez o esprevy e o juiz de Cantanhede o asinou no livro que e meu poder fiqa.
Soma ao todo, e Cantanhede e termo, 299 vizinhos.

3. Buarcos

As vilas de Buarqos e dos Redomdos
Em Buarqos ha duas vilas, a saber; Buarqos, que he vila do cõde de Tetugel; e os Redondos, que he de Samta Cruz de Coinbra, e nõ se mete entre elas somente hua rua que as demarqa, que vai pelo meio deles e anbas jumtas. Os Redomdos [que] esta da parte de cima, tem 46 vizinhos; Buarqos que esta da parte do maar, tem 98 vizinhos.
Parte cõ ho mar e cõ termo de Mõte Mor de todas as partes. - esta eformação tomei cõ Lopo Diaz, morador e Buarqos. - Jorje Fernandez o esprevy.
Soma e anbas, 144 vizinhos.


4. Montemor-o-Velho

A vila de Mõte Mor o Velho
No dito dia atras (17 de outubro de 1527) fui eu Jorge Fernandez, esprivão, a vila de Mõte Mor o Velho, que he do Mestre de Santiago, honde cõ Vasco dOliveira, cavaleiro e almoxarife, e cõ hu tabeliam tomeir eformaçãom dos moradores e termo da dita vila, e achei o segimte: - A vila de Mõte Moor o Velho tem 496 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sam 21 cavaleiros e 28 escudeiros e 64 viuvas, e o mais he povo; e mais ha na dita vila 7 vizinhos merqadores.
Titolo do seu termo: - As Alhadas de Baixo que tem 117 vizinhos; a jurdiçãom civel e o crime he de Monte Mor (de Santa Cruz) - O logar de Tavaredo tem 112 vizinhos e ter a jurdiçãom civel somente, ho crime he de Mõte Mor (Cabido de Coinbra) - O logar de Qyayos que he da jurdiçãom crime da dita vila, 63 vizinhos (Santa Cruz) - O logar do Louriçal que he da jurdiçãom crime de Mõte Mor, 220 (Santa Cruz) - O logar de Ulmar que he da jurdiçãom crime desta vila, 26 (Santa Cruz) - O logar dAlfarelos cõ Gravielos, 81. - O logar de Azãbujal que he da jurdiçãom crime desta vila, 25 (Santa Cruz) - Aldea de Vila Franqa, 27. - O couto de Barra, que he do mosteiro de Ceiça, 81. - O Regego de Abitoreiras, 33 - Fermoselhe, 43 (he de dom Pedro de Meneses) - O couto de Lavãos, que ha da jurdição crime desta vila e o civel he do Bispo de Coinbra, tem 64 vizinhos (Bispo de Coinbra) - o couto de Cadima, que he da jurdiçãom crime de Mõte Mor e o civel he de Santa Cruz de Coimbra (Santa Cruz) - O lugar de Sam Verão, que he do crime de Mõte Mor e o civel do Bispo de Coinbra, 24 vizinhos. (Bispo de Coibra) - Aldea de Vila Nova da Barqa, 59 - O Carvalhal, 64. - A Ribeira dos Moinhos, 69. - Aldea da Gramja, 19. - O logar de Figeiro do Canpo cõ Belida, 75. - O logar de Brenha (Brenha he jirdiçã das Alhadas) e Maiorca (he jurdiçã do civel sibre sy) tem 166 vizinhos; Maiorca he o principal (Santa Cruz) - Arazede tem 27 vizinhos (he do Bispo e de Santa Cruz, e cada hu tem seu juiz e sua parte, na jurdiçã civel) - Aldea de Brunhoos tem 24 vizinhos. - O regego das Meaãs, 52. - O logar de Verride he do crime de Mõte Mor e eles tem o civel, tem 174 vizinhos (Santa Cruz o civel e o crime dos daninhos) - O regego de Coles e Figeira e Azoyas, 57 vizinhos (Este tem Simã de Faria e nã he do Bispo) - Serra Vetoso, que he da jurdiçãom crime de Mõte Mor e do civel do Bispo de Coibra, 67 vizinhos (Bispo o civel) - Aldea de Vila Verde, 4 (he do Bispo, te o civel) - A quintã de Treixede que he de Santa Cruz de Coinbra, 1 vizinho, frade (Santa Cruz o civel).
Esta vila de Mõte Mor o Velho tem pera a parte de Coinbra hua legoa e mea de termo, e pera a parte da vila de Cãtanhede tem tre legoas de termo, e pera a banda do maar da augoa de Mira ate ao mar, que sam seis legoas grandes da banda do norte, e pera a parte das Abitueiras da parte do sul tem outras seis legoas de termo, e do vedaval tem tres legoas de termo ate Qyayos.
Parte cõ Coinbra, e cõ a vila de Tetugel e cõ Buarqos e cõ Vila Nova dAnços, e cõ termo da vila de Leiria. - Segundo fiqa por os sobreditos asinado. - Jorje Fernandez o esprevy.
Soma ao todo, 2339 vizinhos.
E neste termo atras desta vila de Monte Mor o Velho diserã os sobreditos almoxarife e tabeliam, que averia outros tantos clerigos como na vila, e mais.

 5.Outras referências próximas


Ançã e termo: 303 vizinhos
Vilarinho e termo: 34 vizinhos
Vagos e termo: 118 vizinhos
Tentúgal e termo: 318 vizinhos
Póvoa de Santa Cristina: 48 vizinhos

6. Notas Finais


Referência: Archivo Historico Portuguez, vol. V, 1907, Anselmo Braamcamp de Freire, pp. 278-282.
O número de vizinhos, no século XVI, pode não referir exactamente habitantes, no entanto para termos de comparação podemos assumir 1 vizinho = 1 habitante.

No "Archivo Historico Portuguez" de Braamcamp, não há discriminação do número de vizinhos do couto de Cadima. Deduz-se que esse valor seja 68 vizinhos. O couto de Cadima incluía então as actuais freguesias de Cadima, Sanguinheira e Tocha, sendo que 68 vizinhos é um numero muito pequeno.

Couto de Cadima em 1527: 68 vizinhos (135 km2, 0,5 viz/km2)
Equivalente do Couto de Cadima hoje: 9400 habitantes (135 km2, 69,6 hab/km2)

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Baú da Gesteira: Propriedade de Cadima em 1162

Um testamento de Março de 1162, de um conde Gonçalo que, na véspera de uma peregrinação à Terra Santa, deixa a Santa Cruz de Coimbra uma sua propriedade em Cadima.
Referência: ANTT - Livro de D. João Teotónio, folhas 62verso-63.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Baú da Gesteira: D. Afonso I, povoador da Gândara



File:AfonsoI-P.jpg
D. Afonso I (Afonso Henriques)

O texto que segue representa a minha transcrição de uma pequena parte do livro "Memorias de litteratura portugueza" da Academia das Ciências de Lisboa, Tomo II, Anno 1792.

Na parte final do excerto o autor indica que foi na altura de Dom Afonso Henriques  (n. 1109, f. 1185) entre 1139 e 1185, após a explusão dos mouros da Beira, Estremadura e Alentejo, que o rei doou os terrenos então reconquistados a catedrais e mosteiros para que estes fomentassem a sua povoação e exploração agrícola. Segundo o autor, foi nesta altura que o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra repartiu (e partilhou por convenções) terras nas regiões de Cadima e Tocha, podendo ter dado origem à criação de povoações naquela altura.

MEMORIA

Para a Historia da Agricultura em Portugal.

Queres principiar a Historia da Agricultura em Portugal desde antes da fundação, e independencia desta Monarquia, he querer tirar a luz do centro da obscuridade. Nossos maiores pouco sollicitos de nos deixarem memorias, e o tempo consumidor de tudo, nos embaraça de subir taõ longe. Na falta de testemunhos precisos, e particulares, bem podemos lembrar-nos de huma idéia vaga, e geral, de que os Gregos, os Romanos, os Septemtrionaes, e os Arabes conheciaõ, e procuravaõ o nosso paiz, como fértil de todos os géneros, que remedeiaõ as primeiras, e segundas necessidades da vida, e que concorrem á delicadeza, e á Policia, os quaes eu reduzo á tabela seguinte:

1º Grãos = Cerealia.

2º Legumes.

3º Fructas, e Hortaliças.

4º Texturas = Lans, Linhos, Sedas.

5º Liquores = Azeite, Vinho, Mel.

6º Gado grosso = Armenta.

7º Madeiras.

Estes saõ os géneros, em que Portugal foi sempre fecundo. A diversidade dos tempos, fez que nem sempre florescessem igualmente. Isto he o que eu hei de hir mostrando. Como escrevo a sábios naõ meterei pelos olhos o que digo: contento-me de o deixar ver. Julguei que o modo mais accommodado ás minhas primeiras ideias, era discorrer pela vida de cada hum dos nossos Principes, e mostrar ahi o aumento, ou decadência da Agricultura, e as suas causas. Serei breve, fugindo de ser escuro.

I

Do tempo do Conde D. Henrique até a ElRei D. Pedro o I.

O Terreno que chamamos Portugal, no tempo do Conde D. Henrique era, grande parte, senhoreado de Mouros, inimigos irreconciliáveis dos Nacionaes, com quem viviaõ quasi sempre em crua guerra. O caracter da guerra d’aqueles tempos era principalmente de corridas, de salto, e de pilhagem, a onde de parte a parte se roubavaõ os fructos, e os rebanhos. Os Lavradores, destas continuas inquietações sempre assustados, e penas cultivavaõ as terras mais vizinhas ás casas fórtes, e povoações muradas, donde facilmente podessem ser auxiliados das irrupções dos inimigos. Com a maõ, hora nos instrumentos da cultura, outra hora nos da guerra pela maior parte colhiaõ, e pelejavaõ.

Nas Provincias do Minho, Tras-os-Montes, e huma parte da Beira se vivia com mais repoiso. Ahi mais a salvo os Lavradores, semeavaõ, e colhiaõ. As colheiras eraõ principalmente de trigo, centeio, cevada, e legumes. As fructas, e hortaliças eraõ abundantes á proporção do povo. O azeite era rarissimo no Minho; havia suficiente na Beira, e Tras-os-Montes: (1) do mesmo modo era o vinho. Os mais géneros floreciaõ medianamente.

Ainda entaõ se naõ tinhaõ introduzido tantas diferenças de qualidades na Ordem politica. Hum Lavrador era hum homem bom, hum homem honrado, que rodava com todos os bons Patriotas, e ocupava os honrosos cargos públicos do Lugar em que vivia.

O Conde vendo, que havia bastantes terras incultas, que era necessário cultivarem-se para a subsistencia do Estado, e que por outra parte os cuidados da guerra lhe naõ deixavaõ empregar-se de propósito neste empenho, buscou modo, com que, sem faltar aos ministerio das armas, promovesse a Agricultura. Repartio largamente as terras incultas por alguns corpos de maõ morta, como ás Cathedrais de Braga, e outras, e aos Monges Benedictinos; e tambem por muitos Senhores da sua Corte, que as fizessem cultivar. (I) A Cathedral de Braga repartio estas terras, afforando humas, dando outras aos Lavradores com a convençaõ de certas partilhas na colheita dos fructos.

Os Monges em parte fazendo o mesmo que a Cathedral, em parte dando ainda melhor exemplo, tambem promovêraõ a cultura. Viviaõ ainda estes respeitáveis Monges em todo o rigor dos trabalhos Monasticos. Multiplicáraõ, com o favor do Conde, os Mosteiros, aonde se recolhiaõ nas horas de repouso, e Oraçaõ. O mais tempo empregavaõ em cultivar por suas próprias mãos as terras que lhes fôraõ doadas, dando testemunho publico da sua observancia, e do amor ao trabalho honesto, e proveitoso, fundando ao mesmo tempo muitas povoações, e Freguezias para commodo d’aquelles seculares, que por algum modo se aggregavaõ ás suas lavouras, donde veio ser a Provincia do Minho a mais povoada, e por consequência a mais abundante.

Estas Communidades de Monges lavradores se augmentáraõ tanto, que além dos Mosteiros Lorvaniense, e Bubulense serem muito povoados, o Palumbario, segundo escrevem alguns, chegou a ter 900 Monges. (I) A utilidade intrinseca de Agricultura, os exemplos destes virtuosos Monges, o favor do Principe, e dos poderosos, para o augmento da povoaçaõ, e por consequencia da Cultura, tudo animou os homens, e começaraõ a empregar-se com mais gosto nos trabalhos da lavoura.

Neste tempo ainda naõ era cultivada por nós, mais que huma pequena parte da Estremadura. A Beira nem toda era cultivada. O Além-Téjo era ocupado de Mouros, que naõ deixavaõ trabalhar os naturaes, opprimindo-os ou com escravidão, ou com a guerra.

Entrou o governo d’ElRei D. Affonso Henriques, em cujo tempo já nas três Provincias havia muita colheita de grãos, vinhos, e azeite, principalmente nas vizinhanças de Coimbra. Duarte Galvaõ, e Duarte Nunes do Leaõ nos contaõ, que estando este Principe em Guimarães vieraõ os Mouros cercar Coimbra, e destruiraõ = pães, hortas, vinhos, e olivaes, com tudo era tanta a abundancia destes generos na Cidade, que davaõ cinco quarteiros de trigo per hum maravidy de ouro e dous moros de vinho per outro meravidy = saõ formaes palavras por que Duarte Galvaõ se explica. (I)

As armas Portuguezas conduzidas por este Principe foraõ correndo pela Estremadura, entrando por Além-Téjo, e compellindo os Mouros até aos fins da Monarquia. Novas terras conquistadas pediaõ novos povoadores, e colonos. Elle todo ocupado na reparação da Patria, vendo que os trabalhos da guerra lhe naõ deixavaõ pôr todos os esforços no augmento da Cultura, seguio os vestigios de seu Pai, já em cuidar, que se fizessem novas povoações, ja em repartir as terras pelos Corpos de maõ morta; deu muitas ás Cathedraes de Vizeu, e Coimbra, que fizeraõ fundar inumeraveis povoações, (2) outras muitas aos Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. (I) Estas corporações repartíraõ tambem as terras pelos seus colonos com foros, ou por convenções de partilhas na colheita, por terço, quarto, e oitavo; e esta foi a origem dos direitos que este Mosteiro ainda hoje tem nos campos de Cadima, Tocha, Antuzede, Reveles, Ribeira de Frades, Condeixa a Nova, e Vetride povoações, que aquella Communidade ou fundou, ou reedificou para commodo dos seus Lavradores.
... (continua) 

sábado, 12 de maio de 2012

Baú da Gesteira: Herdade de Cadima em 1184


 
Nesta região houve casais, póvoas, sítios, lugares, quintas, portos, ribeiros, valas, bargeiras, moínhos, lagoas, etc. Já é sabido que Cadima é uma povoação muito antiga, sendo herdade que pertencia a Pelágio Fructesindis pelo menos até 1184. Em abril de 1184 (há uns meros 828 anos atrás) Pelágio Fructesindis escreveu uma carta em Latim para a Ordem do Tempo, onde doava a sua parte da herdade de Cadima (Kadime) e da terça parte de seus bens móveis e imóveis. Na altura Cadima pertencia ao "concelho" de Montemor (Montumaioris).

Este documento encontra-se na Torre do Tombo e pode ser consultado aqui.

Nota: Pelágio significa Oceano e Fructesindis está relacionado com fruta.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Baú da Gesteira: Mais um caso de Longevidade (3)

A 10 de Junho de 1735 faleceu na Guímera (couto de Cadima) Manuel da Costa. O seu registo de óbito, na página 134 do livro de óbitos de Cadima (1609-1766) é o seguinte:



"Aos dez dias do mes de Junho do anno de mil setesentos e trinta e sinco faleceo no lugar de Guimera Manoel da Costa com todos os sacramentos; foi enterrado dentro desta igreja; fez Testamento, e dizia ter sento e doze annos, ou mais alguma couza, e por verd.e fiz este termo, q asignei no tempo s.a
V.o Joseph de Oliv.ra"

Manuel da Costa, da Guímera, tinha, de facto, 113 anos quando faleceu, tendo sido batizado em 26 de abril de 1622, filho de João da Costa e Isabel Lopes, moradores na Guímera. Este foi um dos gandareses de maior longevidade.