quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Baú da Gesteira: Debaixo do mar?

Portugal teve a sua dose de exploradores e cartógrafos, sobretudo no final do século XIII e no século XIV. Para apenas mencionar brevemente os cartógrafos, que foram dos melhores do seu tempo, apesar de muitos terem "emigrado" de Portugal para oferecerem os seus serviços aos reis de Espanha, Inglaterra, França e Itália, ditam-se os seguintes nomes (sem qualquer ordem cronológica ou de importância):

Apesar de todos eles terem criado mapas que foram muito importantes para registar as descobertas, orientar a navegação, planear acções, ensinar, etc, e que foram depois usados e copiados vezes sem conta, todos os mapas apresentam um mundo diferente do actual.

A costa Portuguesa, por exemplo era diferente, como também já fiz referência AQUI :).

A zona gandaresa já esteve, noutros tempos, muito provavalemente, totalmente submersa. Nos mapas de Pomponius Mela (falecido cerca de 45 antes de Cristo) a Península Ibérica e principalmente a zona da costa Portuguesa aparecem muito para o interior, indiciando que há 2000 anos atrás ele teria informação de que o mar entrava pela terra dentro (daquilo que hoje conhecemos, muito provavelmente até à zona de Cantanhede).
Há bastantes reproduções, mais ou menos fiéis, deste cartógrafo/geógrafo Romano, nomeadamente a seguinte que representa a Europa em ponto maior, o onde se pode ver o avanço do Atlântico na região da costa Portuguesa.

Mas não precisamos de recuar 2000 anos para saber de diferenças na costa. É muito provável que alterações climáticas ocorridas há pouco mais de 500 anos tenham não só contribuido para alterações dramáticas a nível de demografia (como por exemplo com a peste negra) mas também da geografia.
Na figura que segue, reconstituição da antiga costa Espinho - Cabo Mondego, de Alberto Souto  – Origens da Ria de Aveiro (Subsídio para o estudo do problema), Aveiro, Livraria João Vieira da Cunha Editora, Tipografia Minerva, 1923, identifiquei alguns locais da Gândara actual, nomeadamente as praias de Mira e da Tocha, que estavam na altura submersas, a Tocha e Mira que se econtravam na costa, e Gesteira e Cadima, a poucos Quilómetros da praia. Esta situação geográfica pode ter acontecido há apenas 1000 anos.
De facto, também no século XIV, Pietro Vesconte, um cartógrafo Genovês, tinha desenhado a costa Gandaresa com o Cabo Mondego perfeitamente identificado e muito saliente para dentro do mar, ou seja, a costa a norte estaria "invadida" pelo Atlântico.
Como diria a o Fernando Pessa: "E esa hein?"

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Flora da Gesteira: imagens e cores da Gesteira 2

Mais algumas fotos do primeiro de maio



















Flora da Gesteira: imagens e cores da Gesteira 1

Algumas fotos tiradas hoje, 1 de maio de 2013





















sábado, 2 de março de 2013

Baú da Gesteira: Gândara 1954

Vídeo de 1954, representando cenas dos lugares de Cadima, Taboeira, Pontes, Aljuriça e Olho, realizado pelo Frei Manuel da Luz.
Como as coisas mudam. Assim era a Gândara há 60 anos atrás.
Para além do Padre Rumor e do ti-Toino Taboeira conhecem mais alguém?



domingo, 17 de fevereiro de 2013

Baú da Gesteira: 6 meses depois do terramoto de 1755

Nos dias que se seguiram ao terramoto de 1755 interrogatórios ordenados pelo rei (D. José I) foram enviados para todas as freguesia do reino. Este interrogatório precedeu em cerca de 2 anos outro bem mais detalhado, preparado pelo Marquês de Pombal, e já AQUI [1] transcrito.

Estes documentos, disponibilizados na Torre do Tombo [2], são extremamente valiosos pois relatam os efeitos do terramoto poucos meses depois do acontecido. Da região de Coimbra inclui as freguesias Anceriz, Arganil, Benfeita, Celavisa, Cerdeira, Coja, Pomares, Pombeiro da Beira, São Martinho da Cortiça, Sarzedo, Secarias, Vila Cova de Alva, Anção, Bolho, Cadima, Cantanhede, Cordinhã, Murtede, Ourentã, Outil, Pocariça, Sepins, Ameal, Antanhol, Antuzede, Arzila, Assafarge, Botão, Castelo Viegas, Ceira, Cernache, Almedina, Santa Cruz, São Bartolomeu, Sé Nova, Lamarosa, São João do Campo, São Martinho de Árvore, São Silvestre, Taveiro, Torre de Vilela, Trouxemil, Vil de Matos, Anobra, Belide, Bem da Fé, Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha, Ega, Sebal, Vila Seca, Águas Belas, Alhadas, Brenda, Buarcos, Ferreira-a-Nova, Figueira da Foz, Lavos, Maiorca, Paião, Quiaios, Tavarede, Alvares, Cadafaz, Colmeal, Góis, Vila Nova de Ceira, Foz de Arouce, Serpins, Mira, Lamas, Miranda do Corvo, Rio Vide, Semide, Abrunheira, Gatões, Liceia, Meãs do Campo, Montemor-o-Velho, Santo Varão, Verride, Vila Nova da Barca, Aldeia das Dez, Alvoco das Várzeas, Avó, Bobadela, Lagares, Lagos da Beira, Lajeosa, Lourosa, Meruge, Nogueira do Cravo, Penalva de Alva, Santa Ovaia, São Gião, Travanca de Lagos, Vila Pouca da Beira, Fajão, Carvalho, Figueira de Lorvão, Friúmes, Lorvão, Paradela, Penacova, São Paio de Farinha Podre, Espinhal, Podentes, Rabaçal, Santa Eufémia, São Miguel, Alfarelos, Degracias, Gesteira, Pombalinho, Samuel, Soure, Tapéus, Vila Nova de Anços, Vinha da Rainha, Ázere, Covas, Covelo, Espariz, Midões, Mouronho, Pinheiro de Coja, São João da Boavista e Sinde.  

No caso do couto de Cadima, o pároco Manuel Rodrigues Trovão foi bastante sucinto, tendo preenchido apenas uma página que a seguir se reproduz.

Cadima: Resposta ao Questionário do Rei, 10 de Maio e 1756 [2]

A informação contida neste documento não deixa de ser muito interessante, nomeadamente:
  • o terramoto sentiu-se durante cerca de um quarto de hora, no dia 1 de Novembro, repetidamente
  • sentiu-se mais ao Sul do que a Norte
  • não causou ruinas em casas da freguesia, mas a (sumptuosa) Igreja teve alguns estragos, a Igreja precisa de reparações que o povo não pode prover por ser muito pobre
  • não morreram pessoas nesta freguesia por causa do terramoto
  • o mar transbordou em "mais de 2 tiros de espingarda" e logo voltou às suas águas
  • nesta aldeia (Cadima) abriram-se 2 bocas na areia, do tamanho do fundo de uma dorna, mas que logo se encheram da mesma areia, não surtiram fontes destas bocas
  • não se fizeram ainda reparações na Igreja, apenas suplicas ao Senhor para terminar com os terramotos (incluindo penitências e jejuns)
  • depois do primeiro terramoto ocorreram mais duas réplicas, 41 e 60 dias depois, da mesma intensidade mas menor duração
  • não há memória de outros terramotos na freguesia, composta por mais ou menos 2500 pessoas
  • não há falta de mantimentos nem incêndios 
É de notar a descrição dos estragos da (sumptuosa) Igreja, dada a importância da religião na altura:
"Nesta fregª naõ houve ruinas de casas; só sim a sumptuoza Igrª padece sentimº Sozas suas paredes levantada a Cruz do frontispicio da postura, em qe se achava antecedentem.te e cahio huã das bolas de pedra qe se achava na piramida da torre, e ameaça grande ruina a bobeda do Coro da mesma Igrª q pª se edificar depende de despeza, qe ha de exceder as forças do povo por este ser m.to pobre."

Também é muito curiosa a nota ao facto do mar ter transbordado mais de "dois tiros de espingarda" (esta medida de distância não é muito comum e pelos vistos também não é muito conhecida, mas o Professor José Carlos Vilhena Mesquita [3], por mim contactado a este respeito, estima, por alto, que se possa tratar de cerca de 1 Km).

Finalmente, obtemos mais uma informação importante que é o número de almas da freguesia em Maio de 1756: 2500.


Fontes:
[3] Blog PROMOTÓRIO da MEMÓRIA, do prof. José Carlos Vilhena Mesquita

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Hoje e Amanhã: Manuel Marques, da Gesteira

Mais um personagem bem conhecido da nossa terra, o ti-Manel Marques, residente nos Cantos da Gesteira, que eu conheço desde que nasci, e que sempre foi ali vizinho próximo da minha família.
Este artigo veio publicado no jornal "Boa Nova", de 27 de Dezembro de 2012.
Clique na imagem para a ver no tamanho normal e ler a entrevista.

Hoje e Amanhã: Entrevista ao jornal Boa Nova (14/02/2013)

Aqui vos deixo uma imagem da entrevista dada ao jornal "Boa Nova", de Cantanhede, que saiu no dia 14 de Fevereiro de 2013.
 Basta clicar na imagem para a ver em formato maior e poder ler a entrevista.