sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Baú da Gesteira: Registos de Baptismo (Cadima) 1621-1630

Foi neste período que apareceram os primeiros registos que fazem referência à Gesteira. Mais concretamente em 12 de Julho de 1626, e depois em 22 de Agosto de 1628. Existiam portanto pelo menos duas famílias na Gesteira nessa altura.
Curiosamente há também a referência a vários novos locais durante este intervalo de tempo, como é o caso da Sanguinheira e da Lagoa do Grou, por exemplo. Neste intervalo de tempo foram baptizadas 316 crianças, mais 46 que no período anterior. Os nomes Maria e Manoel continuam a ser os mais populares.

Nomes de Baptismo
No que diz respeito aos nomes de baptismo, os mais comuns foram os seguintes:
  1. Manoel 19%
  2. Maria 19%
  3. Isabel 11,5%
  4. António 10,5%
  5. Francisco 5%
  6. Domingos 4,5% 
  7. Ana 4%
  8. Catarina 3%
  9. Thomé 3%
Não se notam alterações relevantes face ao período anterior (1611-1620). No caso das meninas, os três nomes mais comuns continuaram a ser Maria (19%), Isabel (11,5%) e Ana (4%). No caso dos rapazes, os três nomes mais comuns também se mantiveram, e eram então Manoel (19%), António (10,5%) e Francisco (5%).

Foram baptizados 54% de rapazes, 46% de raparigas.

Quase metade das crianças do sexo feminino eram baptizadas com o nome de Maria (46%).
Quase metade das crianças do sexo masculino eram baptizadas com o nome Manoel (43%).

Localidades
A lista que segue apresenta as localidades e o seu peso no que diz respeito ao número de baptizados registados entre 1621 e 1630 (este será um bom indicador do tamanho e importância de cada localidade, percentagens arredondadas):
  1. Zambujal 19,5%
  2. Guimera 17%
  3. Cadima 16,5%
  4. Casal 8%
  5. Ribeira (Fervença) 6,5%
  6. Água Doce  5%
  7. Póvoa 4,5%
  8. Olho 4%
  9. Escoural 3%
  10. Grou 2,5%
  11. Carvalheira 2%
  12. Aljuriça 1,5%
  13. Palhagueira (Palheira) 1,5%
  14. Braganção 1,5%
  15. Lagoa Negra 1,5%
  16. Entre Águas 1% 
  17. Seixo 0,5%
  18. Desconhecido 0,5%
  19. Azenha 0,5%
  20. Lagoa Seca 0,5%
  21. Vagos 0,5% 
  22. Corgo do Encheiro 0,5%
  23. Gesteira 0,5%
  24. Tentúgal 0,5%
  25. Taboeira 0,5% 
  26. Sanguinheira 0,5%
  27. Cabeça Alta 0,5%
  28. Porto Sobreiro 0,5%
  29. Marinhal 0,5%
  30. Pereira 0,5%
Cerca de 67% da população do couto de Cadima vivia nas aldeias de Zambujal, Guimera, Cadima, Casal e Ribeira (uma redução de 15% em comparação com o período anterior).
Na denominação de Ribeira incluo os registos de Ribeira, Ribeira da Fervença e Fervença, mas esta denominação era bem mais alargada e representava com certeza as populações que viviam junto às grandes e profundas ribeiras que cruzavam o couto. Houver uma forte redução do número de baptismos na Ribeira, o que pode significar que esses novos lugares fariam parte da Ribeira anteriormente.
Na denominação de Póvoa inclui-se os nomes de Póvoa, Póvoa da Ribeira, Córrego da Póvoa e Ribeira da Póvoa.


Curiosidades dos nomes de localidades durante este período:
  • Novas localidades refentes à naturalidade das crianças baptizadas ou dos padrinhos: Pereira (1630), Sanguinheira (1630), Marinhal (1627), Moínho do Porto Sobreiro (1627), Cabeça Alta (1627), Fonte (1627), São Silvestre (1622), Lagoa do Grou (1621).
  • Em 21 de Abril de 1624 foi baptizada uma criança, cujo pai era natural de Tentúgal, de nome Manoel Esteves, o escrivão do juíz dos orfãos de Tentúgal. Este era casado, a mãe da criança era sua criada, solteira;
  • Aos 14 de Março de 1629 foi baptizada Brites, filha de Thomé Jorge e de Isabel Francisca da Guímera. Foi padrinho João Garcia Barcellar morador em Cantanhede e Rendeiro do couto de Cadima e madrinha Brites Jorge mulher de Domingos Francisco morador na Póvoa. Este João Garcia é hoje uma personagem ligada à vila da Tocha, ver nota abaixo.
  • Aos 27 de Julho de 1630 foi baptizada uma criança, filha de Simão Pereira, sacerdote de missa, e de Inácia da Cruz cujo pai já era defunto. Ambos de Pereira.
  • Existem também referências a padrinhos naturais de Vila Franca (Arazede), Ermida (Mira), Covão do Lobo, Barrins (Tocha), São Fagundo (Coimbra), Cantanhede, Condeixa, Ribeira de Massalete (Tentúgal), etc.
  • As "fronteiras" estariam pouco definidas, e poderia haver algumas deslocações dos habitantes de uma localidade para outra com alguma facilidade.
  •  
    João Garcia Bacelar:
    Era um fidalgo que vivia na Galiza, e que muito jovem foi para Madrid para casa de um tio. Um dia, ainda muito jovem, caiu num precipicio, indo montado numa mula e acompanhado pelos seus criados. Pediu ajuda à Senhora D'Atocha para que o salvasse daquela queda.
    Foi, de facto encontrado são e salvo pelos seus criados. E o jovem João fez a promessa de erguer uma ermida à senhora D'Atocha que o salvara quando fosse uma pessoa importante.
    João Garcia Bacelar chegou a regressar à Galiza, mas veio depois para Portugal para junto de um tio abastado, que o adoptou. A lenda reza que foi a viajar pela zona da Gândara, mais concretamente junto à Quinta da Fonte Quente, que se apaixonou pela região e comprou o terreno a uma lavrador local onde mandou edificar a igreja em honra de Nossa Senhora D'Atocha. Ao que parece, a Santa estará na origem de muitos milagres.

    Referência: Junta de freguesia da Tocha

    Por aqui se pode ver que em 1630 João Garcia Bacelar já era Rendeiro do couto de Cadima, e que vivia em Cantanhede. Um rendeiro era uma espécie de contabilista público, um cargo de confiança na altura.

    (A continuar a partir de 1631...)

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