quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Baú da Gesteira: O Gesteirense que quase fugiu para o Brasil

Notícia retirada do "Diario Catholico de Portugal", de 16 de maio de 1907.

Neste jornal católico Lisboeta, na sua edição de 16 de maio de 1907 aparece uma notícia entitulada "Prisão a Bordo".

A história é de um homem, que nasceu na Gesteira em 12 de junho de 1883, chamado Manuel da Silva Moço (também denominado Manuel da Silva Quintão, na notícia).

Assinatura de Manuel da Silva aquando do seu primeiro casamento em 1905
 
Manuel era filho de José da Silva Moço e de Maria de Jesus naturais e moradores na Gesteira, neto paterno de José da Silva e de Bárbara de Jesus, e materno de Alexandre Gonçalves e de Maria de Jesus, todos da Gesteira.
Manuel da Silva casou primeiro com Maria do Espírito Santo em 7 de janeiro de 1905. Esta era filha de José Maria Camarinho e de Maria da Luza, da Quintã. No entanto, Maria do Espirito Santo viria a falecer nesse mesmo ano de 1905 a 23 de novembro, muito provavelmente por complicações pós-parto, pois tivera uma filha Maria no dia 12 de novembro, mas que viria também a falecer a 16 de novembro.
Manuel da Silva voltou a casar com uma cunhada, Amélia do Espírito Santo, de 17 anos, em 21 de abril de 1906.

Ora, segundo nos conta a notícia, o vapor "Loanda" que chegou ao Tejo no dia 15 de maio de 1907, transportava Manuel da Silva Moço que foi entregue à polícia do porto. Foi posteriormente enviado ao serviço de instrução criminal pelos soldados 149 e 45 da 3ª companhia da guarda municipal.

Manuel, tinha 23 anos, era dito natural da "Gesteira da Quinta", da freguesia de Cadeiras, concelho de Cantanhede. Aqui há dois erros na notícia, ele era natural da Gesteira e morador na Quintã, e não há freguesia de Cadeiras, mas sim Cadima.

Aparentemente, Manuel vivia na Quintã desde 1903, mais ou menos, criando um estabelecimento de fazendas, mercearia e outros artigos, tendo para isso pedido crédito a vários negociantes.
Mas o negócio não parece ter-lhe corrido sempre bem, sendo que três meses antes (talvez em fevereiro de 1907) havia chamado os seus credores que já o tinham colocado em tribunal, e vendeu os bens e algumas propriedades que tinha, tendo feito uma "phantástica venda" a um cunhado seu, por 45.000 reis. Mas não deve ter usado esse dinheiro para soldar as suas dívidas, foi antes a Coimbra, tirou o passaporte no governo civil de Coimbra, e foi depois para Lisboa onde embarcou no paquete inglês "Orissa", no dia 1 de maio de 1907, com o destino de Santos, no Brasil. Como, na altura, a polícia não tinha recebido ainda o mandato de captura, ele lá seguiu no paquete a caminho do Brasil. A polícia depois telegrafou para a polícia da Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, onde o paquete foi forçado a fazer uma escala, chegando no dia 6 de maio. Manuel da Silva foi detido, e assim esteve 6 horas até ser transferido para o paquete "Loanda", que o traria a Lisboa .


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