No sábado, dia 1 de novembro de 2025, Dia de Todos os Santos, a Gesteira viveu um momento único: o reencontro de duas famílias separadas há mais de um século. Curiosamente, até a chuva deu tréguas para permitir esta visita tão especial.
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| Fig. 1: A porta de entrada da casa de António Gomes Neto, construída em 1887 |
Em 1913, António Gomes Neto partiu para o Brasil, fixando-se em Limeira, São Paulo, onde constituiu família. Nunca regressou a Portugal, e a sua memória foi-se apagando entre os parentes da terra. Mais de cem anos depois, Juarez Nunes, neto de António, iniciou uma busca para descobrir as suas raízes. Durante anos, foi feita uma investigação genealógica para seguir os passos dos irmãos de António: Carolina Mendes, João Gomes Neto e Maria Mendes. A pesquisa revelou uma ligação surpreendente: Carolina Mendes era sogra de Manuel Francisco Rolo, figura conhecida na Gesteira, e mãe de Maria Mendes.
No encontro, Juarez foi calorosamente recebido pelos seus parentes portugueses, que partilharam histórias de família, incluindo outras partidas para o Brasil que ficaram no esquecimento. Curiosamente, o avô de Juarez não era lembrado, mas descobriu-se que outro irmão mais velho também emigrara para o Brasil, sem deixar rasto, tal como um cunhado (avô da anfitriã), desaparecido há quase 100 anos.
Entre conversas e emoção, foram trocadas fotografias: do avô de Juarez, que partiu em 1913, e da sobrinha que ficou em Portugal, mãe da parente agora visitada. Depois, Juarez foi convidado a visitar as ruínas da casa dos seus bisavós, onde o avô nascera no século XIX. Por um caminho entre oliveiras e loureiros, chegou à casa com parte do telhado caído, mas ainda de pé. Na porta, gravadas na pedra, as iniciais “AN” e o ano “1887”, testemunho do bisavô António Gomes Novo. Este momento foi arrebatador: Juarez encontrou o “seu chão”, imaginando reconstruir a casa e viver onde o avô nasceu, cresceu e
dormiu até partir para o Brasil.
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| Fig. 2: O quintal da casa de António Gomes Neto |
A visita terminou com vinho do Porto, produzido em terras outrora dos Gomes Novo e Manuel Francisco Rolo, e com planos para manter os laços e futuras visitas. Hoje, os descendentes de António Gomes Novo no Brasil ultrapassam os 300, mas a história provou que as raízes nunca se perdem.



