Estes documentos, disponibilizados na Torre do Tombo [2], são extremamente valiosos pois relatam os efeitos do terramoto poucos meses depois do acontecido. Da região de Coimbra inclui as freguesias Anceriz, Arganil, Benfeita, Celavisa, Cerdeira, Coja, Pomares, Pombeiro da Beira, São Martinho da Cortiça, Sarzedo, Secarias, Vila Cova de Alva, Anção, Bolho, Cadima, Cantanhede, Cordinhã, Murtede, Ourentã, Outil, Pocariça, Sepins, Ameal, Antanhol, Antuzede, Arzila, Assafarge, Botão, Castelo Viegas, Ceira, Cernache, Almedina, Santa Cruz, São Bartolomeu, Sé Nova, Lamarosa, São João do Campo, São Martinho de Árvore, São Silvestre, Taveiro, Torre de Vilela, Trouxemil, Vil de Matos, Anobra, Belide, Bem da Fé, Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha, Ega, Sebal, Vila Seca, Águas Belas, Alhadas, Brenda, Buarcos, Ferreira-a-Nova, Figueira da Foz, Lavos, Maiorca, Paião, Quiaios, Tavarede, Alvares, Cadafaz, Colmeal, Góis, Vila Nova de Ceira, Foz de Arouce, Serpins, Mira, Lamas, Miranda do Corvo, Rio Vide, Semide, Abrunheira, Gatões, Liceia, Meãs do Campo, Montemor-o-Velho, Santo Varão, Verride, Vila Nova da Barca, Aldeia das Dez, Alvoco das Várzeas, Avó, Bobadela, Lagares, Lagos da Beira, Lajeosa, Lourosa, Meruge, Nogueira do Cravo, Penalva de Alva, Santa Ovaia, São Gião, Travanca de Lagos, Vila Pouca da Beira, Fajão, Carvalho, Figueira de Lorvão, Friúmes, Lorvão, Paradela, Penacova, São Paio de Farinha Podre, Espinhal, Podentes, Rabaçal, Santa Eufémia, São Miguel, Alfarelos, Degracias, Gesteira, Pombalinho, Samuel, Soure, Tapéus, Vila Nova de Anços, Vinha da Rainha, Ázere, Covas, Covelo, Espariz, Midões, Mouronho, Pinheiro de Coja, São João da Boavista e Sinde.
No caso do couto de Cadima, o pároco Manuel Rodrigues Trovão foi bastante sucinto, tendo preenchido apenas uma página que a seguir se reproduz.
Cadima: Resposta ao Questionário do Rei, 10 de Maio e 1756 [2] |
- o terramoto sentiu-se durante cerca de um quarto de hora, no dia 1 de Novembro, repetidamente
- sentiu-se mais ao Sul do que a Norte
- não causou ruinas em casas da freguesia, mas a (sumptuosa) Igreja teve alguns estragos, a Igreja precisa de reparações que o povo não pode prover por ser muito pobre
- não morreram pessoas nesta freguesia por causa do terramoto
- o mar transbordou em "mais de 2 tiros de espingarda" e logo voltou às suas águas
- nesta aldeia (Cadima) abriram-se 2 bocas na areia, do tamanho do fundo de uma dorna, mas que logo se encheram da mesma areia, não surtiram fontes destas bocas
- não se fizeram ainda reparações na Igreja, apenas suplicas ao Senhor para terminar com os terramotos (incluindo penitências e jejuns)
- depois do primeiro terramoto ocorreram mais duas réplicas, 41 e 60 dias depois, da mesma intensidade mas menor duração
- não há memória de outros terramotos na freguesia, composta por mais ou menos 2500 pessoas
- não há falta de mantimentos nem incêndios
"Nesta fregª naõ houve ruinas de casas; só sim a sumptuoza Igrª padece sentimº Sozas suas paredes levantada a Cruz do frontispicio da postura, em qe se achava antecedentem.te e cahio huã das bolas de pedra qe se achava na piramida da torre, e ameaça grande ruina a bobeda do Coro da mesma Igrª q pª se edificar depende de despeza, qe ha de exceder as forças do povo por este ser m.to pobre."
Também é muito curiosa a nota ao facto do mar ter transbordado mais de "dois tiros de espingarda" (esta medida de distância não é muito comum e pelos vistos também não é muito conhecida, mas o Professor José Carlos Vilhena Mesquita [3], por mim contactado a este respeito, estima, por alto, que se possa tratar de cerca de 1 Km).
Finalmente, obtemos mais uma informação importante que é o número de almas da freguesia em Maio de 1756: 2500.
Fontes:
[2] Arquivo Nacional Torre do Tombo - Informações dos párocos de diversas regiões do país relativas às consequências do terramoto de 1755
[3] Blog PROMOTÓRIO da MEMÓRIA, do prof. José Carlos Vilhena Mesquita
Sem comentários:
Enviar um comentário