Segundo a minha bisavó, nascida em 1890, a Gesteira tinha ainda poucas casas no século XIX. Ela ficou orfã muito jovem e foi adoptada por um casal já idoso da Gesteira. Este casal criou a minha bisavó e contaram-lhe que havia muitas Giestas no local, e que grande parte do solo não era cultivado (era baldio). Os Gesteireses começaram a cercar e cultivar os terrenos, bem como a construir novas habitações.
Nessa altura cultivavam linho, e fiavam com teares manuais, faziam cmisas de linho largas e muito soltas, que lhes serviam de túnicas ou vestido, apertando-as com um colete até à cintura.
Este seria o traje dos mais jovens, que naquela altura passavam o tempo a guardar ovelhas até cerca dos 18 anos.
Os trabalhadores daquela época usavam camisas de pano crú. Os mais idosos usavam camisas de riscado, ceroulas de pano cru, e barrete. As senhoras vestiam blusas e saias de riscado, lenço e chapéu.
Traje domingueiro de homem: camisa de cabecilho, calças de burel e gabão.
Traje domingueiro de mulher: blusa de chita, saia de burel e tricanas.
Já então frequentavam os bailes, que ocorriam em casas particulares, ao toque de flautas, e mais tarde ao toque de pequenas consertinas, também conhecidas por “sanfonas”.
Nesses bailes, danaçava-se então a farrapeira, o rodízio, o verde-gaio, o vira, etc.
Farrapeira cantada pela minha bisavó:
Farrapeira velha balseada, valha Deus como ela é.
Faz fugir as velhas todas, lá pró canto da chaminé.
Chamaste-me farrapeira, eu não vivo de farrapos.
Tenho aqui uma saia nova, toda cheia de buracos.
No vira havia sempre um par de voluntários que cantavam ao desafio (normalmente um cantador e uma cantadeira), os pais da minha bisavó faziam parte destes animadores de festas.
Já exisitam também as festas tradicionais dos santos populares, nos lugares vizinhos, onde as pessoas íam levando a merenda, o vinho da região, geralmente transportado num corno de animal bovino, tratado e com uma correia para facilitar o transporte. E daqui surge a história do “homem do corno”.
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